domingo, 16 de dezembro de 2012

Documentário com Participação das Mães

‎"Eu Preciso lhe Dizer", documentário idealizado por Ricardo de Paula e dirigido por Douro Moura", com participação das Mães pela Igualdade.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Cada 33 horas um Homossexual é Assassinado no País


Guilherme, de 20 anos, passou dois meses internado em um hospital tentando se recuperar dos golpes de faca que levou em julho de 2012. O seu crime foi chamar de "bebê"  o garçom do bar onde lanchava com os amigos, em Brasília. Guilherme não resistiu aos ferimentos e agora engrossa as estatísticas de assassinatos de homossexuais no país. Em 2011, levantamento feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) identificou 266 homossexuais assassinados no país. O estudo, que é feito anualmente pela organização desde 2004, aponta para um aumento do número de crimes contra a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) no Brasil. Entre 2007 e 2011 o aumento foi de 122%. Além de Guilherme, uma das vítimas recentes da homofobia foi o jornalista goiano Lucas Fortuna.
Lucas foi morto neste mês em Cabo do Santo Agostinho (PE). Estava na cidade a trabalho e foi encontrado morto na praia, com sinais de espancamento e marcas de facadas. A causa da morte foi afogamento. Lucas era uma liderança do movimento LGBT em Goiânia (GO) e lutava pela aprovação do projeto de lei 122/2006, que prevê que a homofobia, assim como o racismo, seja considerada crime. 
Veja o mapa dos assassinatos de homossexuais no Brasil em 2011, com dados compilados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Clique nas cidades para ver o número de vítimas ou consulte as informações por estado: 

Dados cartográficos ©2012 MapLink, Tele Atlas - Termos de Uso

Mapa
Satélite



Geografia da intolerância

Entre os estados, a Bahia lidera o ranking em número absolutos de mortes de homossexuais em 2011: 28 homicídios. Em seguida aparecem Pernambuco (25) e São Paulo (24). O estudo do antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB, destaca que proporcionalmente ao tamanho da população, o Nordeste é a região mais homofóbica do país, já que abriga 30% dos brasileiros e registrou 46% dos assassinados LGBTs.
Leia mais: 
Os assassinatos são, em geral, marcados pela violência extrema. Além da arma de fogo, muitas vítimas foram mortas por armas brancas – faca, foice, machado – espancamento e enforcamento. Há ainda casos de degolamento, tortura e carbonização. Para o GGB, essas características indicam que se tratam não de ocorrências banais, mas de crimes de ódio contra ese grupo.
O relatório é feito com base em notícias que circulam na internet ou publicados em jornais. Não cobre, portanto, a totalidade dos casos, que certamente superam os números levantados pelo GGB. 

Lucas Fortuna, assassinado em Pernambuco (Reprodução)
Lucas Fortuna, 28 anos, Cabo de Santo Agostinho (PE)
Jornalista, Lucas viajou para Pernambuco para trabalhar como árbitro de um campeonato de vôlei. Militante da causa LGBT, ele foi encontrado morto na praia, com sinais de facadas e espancamento. Por ter sido encontrado apenas de cueca, a família acredita em crime de homofobia. Lucas era presidente do PT em uma cidade goiana e fundou o Grupo Colcha de Retalhos na Universidade Federal de Goiás (UFG). Ajudou a organizar várias paradas do orgulho LGBT no estado e sempre lutou pela aprovação do projeto de lei que tramita no Congresso Nacional e pretende tornar a homofobia crime. 
Igor Xavier, assassinado em Montes Claros (MG) (Reprodução)
Igor Xavier, 29 anos, Montes Claros (MG)
O bailarino e coreógrafo Igor Xavier foi assassinado em maio de 2002 na cidade mineira de Montes Claros, onde morava. Foi morto com cinco tiros por dois homens – pai e filho. Os dois entraram em contato com Igor oferecendo apoio para um espetáculo que o bailarino estava montando na cidade. Dessa forma o levaram ao apartamento da família, onde o mataram. Igor era uma figura muito popular na cidade.  “Nunca me calei, nunca aceitei. Porque quem cala consente. Junto com a classe artística sempre me movimentei para pedir justiça”, conta a mãe de Igor, Marlene Xavier. "A impunidade gera violência".

  
Alexandre Ivo, 14 anos, foi assassinado em São Gonçalo (RJ) (Reprodução)


Alexandre Ivo, 14 anos, São Gonçalo (RJ)
Aos 14 anos, o estudante Alexandre Ivo foi torturado e assassinado por um grupo de skinheads ao sair de uma festa. O crime ocorreu em São Gonçalo, em junho de 2010. A mãe de Alexandre, Angélica, conta que o filho ainda não tinha escolhido sua opção sexual. “Ele era jovem, bonito, inteligente, e isso incomoda as pessoas”, contou Angélica durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. “Eu não sabia o que era crime de ódio, não conhecia essa palavra. Para mim, crime era faca ou bala, não sabia que alguém tirava a vida de um ser humano por esse motivo com esse requinte”, disse.


Guilherme Arthur, 20 anos, assassinado em Brasília (DF) (Reprodução)
Guilherme Arthur, 20 anos, Brasília (DF)
O comerciante Guilherme Arthur é outra vítima recente da homofobia. Enquanto lanchava em um bar com amigos no bairro do Cruzeiro, em Brasília, ele chamou o garçom de “bebê”. O agressor não gostou da forma como foi tratado e, pensando ser uma cantada, esfaqueou Guilherme. O jovem passou mais de dois meses internado, mas não resistiu aos ferimentos e morreu em outubro deste ano. A amiga Juliana Vaz, que ajudou a família a cuidar de Guilherme durante a internação, conta que ele era cheio de planos para o futuro. Passou no vestibular e começaria em poucas semanas antes do ocorrido o curso em gestão de eventos. “Ele era uma pessoa sociável, amava a vida com todas as forças, não tinha problema com ninguém”, diz. O assassino de Guilherme já está preso.

Artigo pulicado no site da EBC

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Meu Filho é Gay e eu Estou Bem!

Estar bem
com o
meu
filho gay
é saber
que criei
um ser
saudável
NEREIDA VERGARA*



A frase do título faz parte de uma brincadeira entre mim e o meu filho de 18 anos, que é gay. Ele sempre diz que vai mandar fazer uma camiseta com essa mensagem, para eu andar por aí, mostrando que se pode ter um filho gay e não ser infeliz. Chegamos a essa conversa depois de fazer uma generalização de que há um grupo grande de pessoas que sempre olha pra mim, a mãe, como alguém que deu à luz uma coisa de outro mundo. Não posso sair de braço com o meu filho, ou ir com ele ao shopping, ou sair para jantar sem que alguém observe e pense: bah, coitada, que esforço está fazendo. Pois aqui, sem nenhuma pretensão de pregar moral a quem quer que seja, digo, posso dizer: eu estou bem.

Há motivos, é claro, para eu ter essa visão. Como não sou cega, sempre vi no meu menino características que não eram comuns nos outros. Desde antes dos três anos, mostrava interesse pelos brinquedos da irmã, por roupas e coisas de menina. Sempre foi sorridente, faceiro e amigo. Na escolinha, fez aulas de balé junto com as meninas (o que me rendeu uma porção de caras feias de pais de outros meninos que achavam que o gosto dele podia "contaminar"). E eu fui assim desafiando a ordem, colocando meu filho em aulas de balé, de patinação artística, de desenho. Nunca proibi que brincasse de Barbie, da mesma forma que não proibi que a irmã brincasse de Power Rangers ou gostasse de álbuns de figurinhas de futebol.

Teve uma época, na pré-adolescência, que meu menino fez o papel do conquistador! Me contava de meninas que havia beijado, teve um grupo de amigos só de meninos (a maioria ainda amigos dele até hoje, e todos héteros, salvo alguma surpresa de que eu não tenha sido informada). Eu ouvia o que ele dizia, me divertia até, mas os meus olhos não me enganavam. Sempre vi a natureza dele, e amei essa natureza. Assim como amo a irmã dele, hétero, linda, rebelde, tatuada, de cabelo raspado, colorido. E eu nunca vi anormalidade em mim ao aceitar isso dentro do meu coração, porque pais aceitam filhos portadores de deficiências, aceitam filhos dependentes químicos, filhos mulherengos, alcoólatras, porque, enfim, são filhos, nasceram de nós.

Estar bem com o meu filho gay é saber que criei um ser saudável, que tem um bom coração, que vai ter respeito por quem amar, pelos filhos que tiver.

Acho que se a gente se preocupasse apenas em enxergar o que está na frente dos nossos olhos já seria um grande passo para que um filho homossexual fosse encarado como qualquer filho. Pois é o que ele é. Nasce assim. Como eu nasci cabeçuda e baixinha e sou muito grata por meu pai e minha mãe terem me amado mesmo assim. Enganar-se a respeito dos outros é uma escolha que a gente faz e a frustração decorrente disso atormenta muitos pais de homossexuais. Não adianta esperar o que não vai acontecer, nem querer que seu filho que gosta de menino case com uma linda moça para fazer a infelicidade de ambos e a sua felicidade.

Quem chegou até aqui na leitura deste texto pode estar pensando: o que essa mulher está pretendendo ao se expor assim e ao expor seu filho? Explico. Sou partidária da ideia de que dizer a verdade em voz alta nos liberta. Sempre tive a certeza de estar protegendo o meu menino, de estar dando a ele o direito de crescer e se desenvolver como a pessoa que ele nasceu. Seria hipócrita da minha parte dizer que o aceito da porta para dentro e ensinar que da porta pra fora deveria ser outro, com base naquilo que a sociedade convencionou como aceitável. Acredito que antes de a gente discutir as camadas de aceitação das pessoas ditas normais às pessoas gays (se são discretos, travestis ou transformistas) ou o direto das pessoas gays (a união homoafetiva, a adoção de crianças, a criminalização da homofobia) em relação aos nossos, os ditos normais, nós, os pais de gays, devemos, enfim, abandonar o tal do armário (estereótipo social dos mais revoltantes).

Quero muito que um dia essa minha visão predomine, que os meus filhos possam ser admirados pelo caráter, inteligência e originalidade, e que os filhos deles, os lindos netos que eu ainda vou ter, vivam num mundo em que a homossexualidade, entre outras milhares de diferenças que nós, humanos, temos, não precise ser uma causa.


*Jornalista
Artigo Publicado no Site Opinião ZH

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Carta Repúdio ao artigo de Veja





Senhor Editor de Veja:
Nós, Mães pela Igualdade, repudiamos o texto‘’Parada Gay, Cabra e Espinafre’’, publicado na edição de 11 de novembro de 2012, e o fazemos no exercício pleno de nossa condição de mães, geradoras de vida, ‘’esteio das famílias’’, como gostam de nos tratar os conservadores. Portanto, na condição daquelas que defendem diretos, vida e  família.
Direito, como bem define Miguel Reale é FATO+VALOR+NORMA. Fato o temos, LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis existem. Valor(es) são vários: dignidade da pessoa humana, igualdade, liberdade, intimidade, ir e vir, segurança, saúde, educação entre outros), faltam apenas as normas, que o Congresso Nacional teima em não votar.
Defendemos a vida DIGNA, para todo ser humano [ou não humano] nascido vivo. Exigimos respeito aos nossos filhos e filhas LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis. Exigimos respeito às nossas famílias, contribuintes do Estado. Exigimosque nossos filhos e filhas e que nossas famílias sejam honradas plenamente, por sermos todxs sujeitxs de direitos.
Somos família, somos célula mater da sociedade. Somos famílias plurais, que como tais acolhem a diversidade e a livre expressão dos seres que a compõem. Nós, as mães, somos genitoras dos humanos e em nossos ventres está a chave da sobrevivência e preservação da espécie.
Os pais, que conosco apoiam filhos e filhas, acolhendo com honra sua orientação sexual, constituem elementos fundamentais não apenas a preservação da vida em sentido estrito – vida no planeta – como também em seu sentido mais amplo: vida digna, com respeito a direitos de todos e todas LGBTH – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Heterossexuais. Não aceitamos tal desrespeito e deboche para com nossxs filhxs.
Defendemos os direitos de nossos filhos e filhas, todos, e em especial xs LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis,que:
·         Se casem, como todo e qualquer outro humano adulto;
·         Adotem crianças, antes que as ruas as adotem;
·         Nossas crianças e adolescentes sejam incluídos e acolhidos plenamente na escola;
·         Professores e professoras sejam qualificados para lidar com as diferenças de orientação sexual e de identidades de gênero;
·         A violência física, moral, psíquica perpetrada em razão de orientação sexual ou identidades de gênero seja severamente punida; e
·         Crimes contra a vida sejam agravados quando perpetrados em razão de orientação sexual ou identidades de gênero de suas vítimas.
Não queremos direitos especiais ou privilégios, queremos direitos para nossas famílias e mães são leoas em defesa de suas crias. Nós, Mães pela Igualdade, somos leoas na defesa de nossos filhos e filhas LGBTH – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Heterossexuais e exigimos que a revista se retrate na próxima edição, esclarecendo a população que ainda crê nas letras lidas em seu conteúdo, sobre orientação sexual e identidades de gênero.
Por fim, declaramos que a coragem de nossos filhos e filhas LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis de assumir quem são, andando pelas ruas de cabeça erguida é para nós motivo de muito orgulho.
Mães pela Igualdade

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Participação em Eventos



As Mães participaram dia 30/10 de um evento na OAB de Santos (SP), representadas por Edith Modesto, para realizar discussão sobre temas jurídicos relacionados a jovens LGBT's.

Em dezembro, dia 04/12, Georgina Martins quem estará no evento "Por uma UFRJ para Todxs: Identidades LGBT no Ensino Superior" e realizará debate sobre cartografia da violência e atuação das Mães pela Igualdade no hall da reitoria da UFRJ, no Rio de Janeiro (RJ).

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Para que Ninguém Jamais Esqueça!!!



Por favor, COMPARTILHE! O mundo precisa saber dessa infâmia. Preciso de ajuda para fazer justiça. Se você pode ajudar faça sua parte para que a nossa passagem por essa vida não seja em vão. Não cruze os braços, deixe sua marca nesse mundo cruel; expresse seu repúdio, fazendo circular essa informação até que alguém nos ouça e tome providência.

Peço aos artistas como meu filho, aos políticos idôneos, apresentadores de TV, às ONGS e todos os segmentos LGBT: MÃES PELA IGUALDADE da qual faço parte, CELLOS, GUDDS, MGG, GRAPPA, CONEDH, ALL OUT, juristas e tantos mais que se solidarizem com a nossa causa.

CRIME HEDIONDO

No dia 1º de março de 2002, a cidade de Montes Claros foi surpreendida com a notícia do bárbaro assassinato do bailarino e ator IGOR LEONARDO LACERDA XAVIER, cometido pelo assassino confesso RICARDO ATHAYDE VASCONCELOS, tendo como comparsa seu filho DIEGO RODRIGUES ATHAYDE VASCONCELOS.

O assassino encontrando Igor em um bar, o convidou para ir até seu apartamento, com o pretexto de lhe emprestar material que o ajudaria na produção de seu próximo espetáculo.

Lá com a ajuda do próprio filho, torturou e matou o meu filho com cinco tiros.
O crime aconteceu em um prédio de apartamentos no centro da cidade. Os moradores ligaram com insistência para a polícia. Mas esta não se fez presente.

Os criminosos arrastaram o corpo do meu filho por três andares escada abaixo, maltratando terrivelmente o seu corpo; colocaram o mesmo na carroceria do carro de um parente chamado para ajudar no ato criminoso, lavaram o sangue do apartamento e das escadas, lançaram o corpo em uma estrada vicinal, desmontaram e jogaram fora as armas e fugiram para Belo Horizonte.

Não sei quanto tempo levaram para fazer tudo isso; mas a polícia só apareceu de manhã quando os bandidos já estavam em segurança a caminho da capital do estado.

Foi pedida a prisão preventiva dos assassinos. Eles fugiram e pediram Habeas Corpus que foi negado no TJ MG e concedido no STJ, supostamente por meios fraudulentos, pois todos sabem do poderio econômico e político dos assassinos, que escorados na impunidade, desafiam a nossa família e a sociedade, andando livremente pelas ruas.

“Desde 2002 a família, amigos e a classe cultural montesclarense vêm lutando ininterruptamente por justiça, respeito aos direitos humanos e diferenças, colocando o caso IGOR XAVIER como uma bandeira de reflexão e luta permanente por direitos iguais, não só em Montes Claros e no Norte de Minas, mas também em todos os lugares em que o ser humano vem sendo ultrajado.

Entretanto, os assassinos alicerçados na tradição familiar e no poder do dinheiro, ainda hoje se encontram em liberdade, pelo fato de seus advogados estarem impetrando recursos seguidamente mesmo perdendo todos.”

Sendo um crime hediondo, onde os bandidos demonstraram premeditação, frieza e crueldade e que por respeito à justiça já era para estarem na cadeia, o caso se arrasta, pois a todo momento a defesa aproveita as brechas nas leis brasileiras para requerer embargos, recursos especiais, extraordinários entre outras invenções jurídicas protelando o julgamento.

Finalmente o júri foi marcado para o dia 27/06/2007. Com todo o aparato e prontas todas as demandas que envolvem um julgamento, o mesmo foi cancelado no dia 25/06/2007 dois dias antes de acontecer; trazendo com isso, mais angustia e decepção com os poderes públicos.

Nova esperança se vislumbra em 2011. O júri foi marcado para o dia 07/06/2011. O juiz responsável pela vara, Dr. Antonio de Souza Rosa, retira o processo da pauta alegando que as minhas lamúrias e declarações do meu repúdio contra a demora, iriam interferir na decisão do júri.

Começa para a família e a comunidade uma espera angustiante por pronunciamento do tal juiz marcando uma nova data para o júri; até que em 25/08/2011, o processo é suspenso. O tiro de misericórdia veio em 14/10/2011 quando acontece o desaforamento do caso para Belo Horizonte, dificultando ainda mais o nosso acesso a informações, já que, por absoluta falta de condições financeiras, não temos advogado constituído.

O jogo macabro novamente se inicia em 2012. Nova data para julgamento é marcada para o dia 29/11/2012. O pingue-pongue justiça X bandidos continua e o júri é desmarcado; e como das outras vezes o motivo permanece em segredo. No dia 05/09/2012 é designada nova data, agora para 27/08/2013.

Enquanto isso assassino pai e assassino filho vão adquirindo cada vez mais vantagens; e a justiça cada vez mais cega agora dorme placidamente em berço esplêndido.

Infelizmente o Código Penal Brasileiro, caduco e ultrapassado, permite todos esses abusos, facilitando que criminosos continuem em liberdade enquanto o processo fica parado e mofando nas prateleiras dos órgãos responsáveis até cair no esquecimento e talvez nem haver julgamento. É o império da impunidade.
IGOR XAVIER, profissional da arte, batalhador incansável pelo avanço da cultura em sua cidade natal – Montes Claros. Bailarino, coreógrafo, produtor e diretor de espetáculos. Impressionava a todos pela retidão de caráter, humildade e responsabilidade.

Motivo do crime: Homofobia.

Eu sou a mãe de Igor Xavier e não me conformo. Em março deste ano de 2012, se completaram dez anos em que não sinto o abraço do meu filho, não vejo o brilho dos seus olhos e o som da sua risada cristalina nunca mais chegou aos meus ouvidos.

Há muito nossa família convive com a dor, a saudade e a decepção com a justiça, enquanto os assassinos desfilam de cabeça erguida apostando na impunidade. Seus advogados afogados em rios de dinheiro providenciam para que não aconteça julgamento.

Apelo ao PODERES CONSTITUIDOS que façam com que a lei seja cumprida e esse julgamento aconteça o mais rápido possível. É preciso que façamos alguma coisa que mostre ao mundo nosso repúdio contra a covardia, a violência e o desrespeito aos Direitos Humanos. Enquanto isso não acontece, e enquanto me restar um sopro de vida, lutarei para que a justiça seja feita. É preciso não se curvar diante da injustiça.

O estado brasileiro está em dívida com seus filhos; e eu me envergonho disso.

                                                                                         Marlene Xavier

Trecho da Sentença de Pronúncia dos réus no caso Igor Xavier; onde fica provada toda a covardia praticada contra o meu filho sem nenhuma chance de defesa da parte dele e que lhe tirou a vida.



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sally Field e seu Lindo Discurso sobre ter um Filho Gay


Sally Field, atriz que ficou famosa com a série “A Noviça Voadora” nos anos 60, recebeu o prêmio da Human Rights Campaign For Equality (Campanha dos direitos humanos pela igualdade) em Washington, neste sábado (6) e seu discurso de agradecimento contou um sobre a experiência de ter um filho gay.

Sally falou sobre como seu filho mais novo, Sam, era diferente dos irmãos e de como lidou com o processo de autodescoberta do rapaz e o apoiou em sua jornada para assumir sua homossexualidade, ainda bem jovem.

“Sam era diferente, e sua jornada para se tornar o que a natureza queria que ele fosse, não foi fácil. Como sua mãe, recebi um dos maiores privilégios da minha vida: poder participar disso. Quando o vi sofrendo, tive vontade de me adiantar e ajudá-lo a assumir de vez sua condição, mas seus irmãos me impediram, insistindo que eu não deveria fazer aquela jornada por ele. Eu deveria permitir que ele assumisse quando quisesse”, declarou a atriz que também é mãe de Peter e Elly.

Em seu discurso, Sally Field defendeu dos direitos humanos e a tolerância, e criticou duramente famílias que rejeitam filhos LGBTs, dizendo se tratar de uma atitude "inaceitável".

“Há muitas crianças que sofrem para assumir sua sexualidade, vivendo em famílias que não os aceitam, com pais que acham que podem expulsá-los de seus corações e de suas casas. Isso eu acho inaceitável! Há tempos em que pais devem ouvir e aprender com aqueles que trouxeram ao mundo.


Notícia Publicada no Site Gay 1 Entretenimento

terça-feira, 9 de outubro de 2012

As Mães em favor de Lídice da Mata como nova relatora do PLC 122




Uma nota do Conselho Nacional de Combate a Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e uma petição pública iniciada pela sociedade civil – ali representada pelo movimento Mães pela Igualdade – contendo cerca de mil assinaturas, foram entregues ao senador Paim. Ambas apoiam a senadora Lídice para relatoria do projeto.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Meu Filho é um Luxo





Essa é a trajetória de uma Mãe de LGBT. Os vários processos por que passamos o medo da homofobia e a descoberta de um amor maior. A grande maioria de nós sabe sempre e desde sempre. Os sinais são  muito claros, mas seria prepotência dizer que todos sabemos, porque alguns de nós, jogam as informações no subconsciente para se proteger.Quando chega oficialização, por mais que tenhamos nos preparado a vida toda para esse momento, o chão se abre sob nossos pés e ouvimos o barulho real da redoma estraçalhada…aí começam nossas histórias.
A minha, começou com uma super proteção doentia que foi melhorando com o tempo, mas que ainda é muito forte dentro de mim. Queremos suprir o amor de cada um que se afasta e curar as feridas feitas pela homofobia e pelo bullyng que persegue nossos filhos desde que são muito pequenos… sozinhas. Queremos dar a eles o mundo que sabemos que eles merecem, mas que no fundo, sabemos ser utópico onde o preconceito é lei.
A mãe, honrando ao INCONDICIONAL , quase sempre consegue se desvencilhar muito rápido do medo e da ansiedade para proteger o filho. O pai é bem mais complicado. A maioria dos pais, quer achar o culpado ou culpa a si próprio. A pergunta sempre vai ser: A que jogo eu não levei ??? Que carrinho faltou dar ??? E no caso das meninas a pergunta imagino eu, deve ser : Fui muito presente ??? Não importa, o fato é que a sociedade machista e cheia de dogmas religiosos em que vivemos, são formula certa pra a destruição de famílias que são diariamente varridas pela homofobia.
Para “leigos”, homofobia só acontece quanto a lampada quebrada no rosto de alguém chega a mídia. Para nós, a homofobia corrói silenciosamente nossas famílias e a vida de nossos filhos.
Quando estamos efetivamente inseridos no mundo LGBT , temos acesso a tantas e tão diferentes histórias, que na maioria das vezes, acabam em depressão, síndrome do pânico, fobia social e em casos extremos, suicídio ou assassinato.
Me lembro de uma das mães pela igualdade , que me contou não conseguir mais sair de casa por medo daquela piadinha inocente que dói no fundo do coração ou aquela frase preconceituosa dita com maldade que fere como fogo. Outra mãe que veio até mim, tinha um sonho: Ser uma das MÃES PELA IGUALDADE, mas o marido se separaria dela. Eu mesma, tive na minha história, uma pessoa sem caráter, que usou a homossexualidade do meu filho e a minha militância como forma de me destruir. Uma amiga querida, viu a filha, ser apedrejada na rua. Outra mãe, se levanta todos os dias com suas bandeiras coloridas e armada de coragem, para defender os outros filhos…porque o seu, a homofobia já levou.
Casamentos desfeitos, onde a mãe tem que escolher entre o pai e o filho, são rotina nesse nosso mundo. Famílias completamente destruidas, divididas pela homofobia …irmão matando irmão …até quando ??? Que caminhos tortuosos essa mãe teve que percorrer até poder dizer: EU AMO MEU FILHO, MEU FILHO É UM LUXO.
Quantos meninos abrem mão de viver suas vidas, de buscar sua felicidade, de ser realmente quem são, para satisfazer e agradar ao pai machista, ao amigo homofóbico, a igreja e seus dogmas e a essa sociedade torpe, hipócrita e cruel ??? Eu vou me dirigir diretamente aos AMOLADORES DE FACA. São vocês que em nome de Deus, ou com suas piadinhas idiotas contadas tão inocentemente,  que segregam por terem o direito de não gostar, ou que riem sem maldade…são vocês que estão amolando as facas que vão torturar e matar ali na frente.
As mãos de vcs estão juntas na lampada estraçalhada no rosto de um inocente, armando o revolver que vai fusilar pelas costas, empurrando a quase criança suicida para a morte.Vocês estão desfazendo famílias, separando casais, levando mães a quase loucura por não saber se o filho volta vivo ou mesmo ileso para casa, condenando pessoas inocentes a eterna prisão dentro delas mesmas.
Coloquem a mão na consciência. Sera que a piadinha é tão inocente mesmo ???  Existe direito de segregar seres humanos ???  A brincadeira nao tem maldade ??? Nao machuca ???  Essas brincadeiras não são o sopro que aviva o fogo da homofobia ???


Depois de um longo e dolorido caminho, eu, assim como a Mãe do vídeo, consigo dizer : EU AMO MEU FILHO, NÃO O TROCARIA POR NENHUM OUTRO, MORRO DE ORGULHO DELE, MEU FILHO É UM LUXO, MAS CONTINUO MORRENDO DE MEDO DA HOMOFOBIA E DOS ” AMOLADORES DE FACA”.

Texto de Majú Giorgi publicado no site Todos Iguais:

sábado, 14 de julho de 2012

Nós Não Nascemos Mães, Nos Tornamos Mães Todos os Dias - Ou Não!

Há quase 20 anos nascia mia bella. Aquela criaturinha pequena e frágil mudaria minha vida para sempre. Já houvera mudado muitas coisas desde a notícia de sua chegada, mas nenhuma mudança tão avassaladora quanto as que seguiriam aos seus primeiros gestos.

Depois de longa e ansiosa espera, recheada de percalços, ela finalmente chegara. Trouxera na bagagem muitas novidades. Ser mãe, afinal, não é natural como se pensa. Como lidar com um serzinho pequenino e delicado diante de uma banheira de água morna: 'e se cair?', 'e se engolir água?','e se afogar?', 'o que significa seu choro?', 'porque não consegue dormir?', 'porque não acordou ainda?'. Estas e outras perguntas assombram os dias e as noites também e por melhor que sejam os manuais para 'mães de primeira viagem', em geral, não conseguem suprir todas as dúvida e medos que nos invadem. Eu tinha medo de machucá-la, de não conseguir alimentá-la, de deixá-la dormir demais ou de menos... ainda tenho tantas dúvidas.

Seu sorriso doce e meigo, seus olhinhos, pezinhos, todo o seu ser foi tocando meu coração de um modo que não há palavras que possam explicar. Sua delicadeza e fragilidade, as inúmeras noites mal-dormidas me ensinaram o que é amor. Aquele serzinho miúdo me ensinou a amar, nas primeiras horas comigo. Incomparáveis lições aprendi com ela e sigo aprendendo.

Mas nada se compara ao meu primeiro desespero a seu lado. Sim, ela chorava, chorava, chorava. Havia pelo menos seis horas que chorava. Eu dava o peito, e nada. Dava chupeta, e nada. Balançava, cantava, passeava: nada! Não era fralda molhada, não era fome, não era sono, não era frio, tampouco era calor. Não era barulho, não tinha idéia do que poderia ser. Depois de seis horas de tentativas infrutíveras de fazê-la parar de sofrer e chorar, caí no choro. Chorei copiosamente junto com ela, já não sabia mais o que fazer. Adormecemos juntas, exaustas de um dia inteiro de lágrimas. Nosso primeiro grande momento juntas - na alegria e na tristeza se havia concretizado.

Depois disso, muitas vezes dormimos - à tarde - só nós duas. Nunca antes da música do lobo (...vamos passear no bosque, enquanto seu lobo não vem...).Dormíamos felizes, abraçadas, bem juntinhas. Aquele cheiro gostoso de bebêzinho, aquele carinho inesquecível. Sempre foi uma menina independente, não gostava que lhe apertasse, lhe desse muitos beijos ou mimos. Esperta, inteligente e vivaz, adorava jogos e quebra-cabeças. Observadora ao extremo, olhava atentamente tudo em volta. Era linda - como de fato ainda é.

Veio então novo susto,  uma infecção urinária a fez parecer uma a fome na África. Era pele e osso, minha menina. Foram dias no hospital sem ver a luz do sol, ao lado dela e o coração apertado - pela primeira vez tive medo de perdê-la. Os nervos: à flor da pele. Pressão de todos os lados. A responsabilidade é sempre da mãe. Sobrevivemos juntas a mais aquele desafio.

Fomos muitas vezes à praia. Criança pequena cega a gente [diz a sabedoria popular], desde sempre independente, numa dessas sumiu em meio à multidão do domingo de sol. Pela segunda vez temi - em uma fração de segundos - tê-la perdido. Que nada! Estava no chuveiro arremessando as gotas d'água que caíam em suas mãozinhas infantis.

...E crescia a garota. Foi ela, quem afirmou - categórica - que 'a irmãzinha' dentro da minha barriga era 'o Pedrinho!'. No final, estava mais certa que a ecografia. Nasceu então seu irmão. De repente, diante do bêbe recém-nascido, ela pareceu enorme. Covardia com a pequena, ainda tinha dois anos. Eis a primeira decepção: não percebi prontamente que ela ainda era um bêbezinho. Tempos depois me dei conta, talvez a tivesse magoado pela primeira vez. Era o que dava conta, naquele momento, estava aprendendo a ser mãe. A maternidade, venho descobrindo, é um aprendizado diário.

Foi crescendo a garotinha, mudamos de cidade e descobri - preocupada - que ela verbalizava  sentimentos. Eu a ouvi falando com o patinho de borracha do medo que sentia na nova escola, com os novos amigos [foi lindo e aterrador - fizera a coisa certa?!]. Liguei imediatamente para a dona da antiga escola (Casa da Tia Léa), em quem tinha plena confiança. Horas no telefone sendo carinhosamente ouvida e respeitosamente aconselhada. Aprendi que era muito bom que ela externasse seus sentimentos. Respirei aliviada.

Voltar a trabalhar é um desafio dos tempos modermos, mas quase cinco anos fora do mercado, retomei a trajetória profissional.  Alguns daqueles anos, estive ausente de mim mesma, a maior parte deles, eu diria. Passei a ser ausente dela, tão ausente que não havia mãe no desenho da família. Pela terceira vez chorei, senti-me culpada e triste por não mais fazer parte de seu universo. O trabalho consumia minhas horas e ocupava espaços que não lhe pertenciam, ao mesmo tempo, me fazia [re]constituir como sujeito pleno. Difícil tarefa do ser: Mulher, Mãe, Trabalhadora!

...Mas fomos nos perdendo lentamente uma da outra a partir de então, mas não esqueci nossos momentos lindos, nossos momentos doces. Houve quem dissesse que eles nunca existiram. Mentira! Eles não só existiram, como foram os mais significativos de minha vida, por isso hoje luto para resgatar a poesia que ela me ensinou a entoar com sua chegada angelical. Por ela (eles) busco incessante o caminho de volta para casa, a estrada que leva ao meu coração, o mesmo que acolheu o amor que ela me ensina todos os dias. Nos encontramos agora, em marcha pela igualdade, o respeito às diferenças, a solidariedade, o amor e a liberdade de ser, expressar afetos e desejos.

Amo minha filha, amo meu filho, exatamente como são  e tenho muito orgulho deles.


Texto de Maria Cláudia Canto Cabral, Mãe Pela Igualdade, publicado eu seu blog, o Blog da Maria.