sábado, 25 de maio de 2013

No dia 17 de Maio...

Foi eleito o Papa Libério, 39º papa, que sucedeu o Papa Júlio I
Foi celebrado o casamento da princesa Beatriz de Portugal com o rei João I de Castela
Se separaram Ana Bolena e Henrique VIII
Adolphe Sax patenteou o saxofone
Nasceram Enya e o Ayatollah Khomeini
Morreram Botticelli e Donna Summer
Se comemora o Dia internacional da Internet
Mas a única coisa que me interessa hoje é que é o DIA INTERNACIONAL DE LUTA CONTRA HOMOFOBIA.

“Não nascemos mulheres, tornamo-nos mulheres” – Simone de Beauvoir.
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Para Simone de Beauvoir, a nossa identidade é fluida, instável e construída a partir de modelos que formam um conjunto performático. Então, a mesma ideia é valida para homens. Eu sempre prefiro acreditar em Simone de Beauvoir que em Marco Feliciano que diz que a palavra homossexual tem que ser banida do dicionário porque no mundo só nasce homem e mulher. É mais um motivo para que eu acredite que o preconceito nasce da ignorância, porque eu duvido que esse senhor saiba, por exemplo, a diferença entre orientação sexual, identidade de gênero e sexo biológico.

E não me espanta, porque, dia desses, tive que ler um e-mail de uma pessoa que passou a entender tudo de homossexualidade porque soube que nasceu uma criança com os dois sexos num hospital. Aí sim… quando se embrulha hermafroditas, homossexuais e transgêneros no mesmo pacote, aí é que está mesmo tudo bem esclarecido. É essa ignorância toda somada ao machismo que é a base da homotransfobia. Gays e lésbicas não deixam nem por um segundo de ser homens e mulheres. Quando eu não entendo de um assunto, eu não discorro sobre ele, e quando não sei uma coisa, eu pergunto ou estudo.
Eu ODEIO todas as ciências exatas e vejo pessoas que, nada, absolutamente nada sabem de sexualidade, discursando e versando com tanta propriedade que me vejo dando instruções para um engenheiro calculista, por exemplo. E não estou dizendo aqui que sei tudo, mesmo porque eu tenho a certeza de que ninguém sabe tudo, mas eu acredito que se existem 8 bilhões de pessoas no mundo, existem 8 bilhões de sexualidades e que cada um deveria cuidar da sua.
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A homotransfobia tem muitos graus e começa quando um ser humano é resumido a uma sexualidade assim como o racismo começa quando um ser humano é resumido à cor da pele. A piadinha inocente é o alicerce do crime homotransfóbico. E a soma das piadinhas inocentes perpetua a homotransfobia. A piadinha é a forma leve de homofobia social.
“Negro, nasce negro, gay não nasce gay”. Mais uma pérola fundamentalista que com o seu manual na mão desafia a genética, a psiquiatria, a psicologia e o direito. E quando o manual não dá conta, recorrem a um tratado de genética do século passado negando toda a evolução da ciência. E desde quando fundamentalista nasce fundamentalista? Ser fundamentalista é opção, obviamente, e, em minha opinião, uma opção legitima.
E estão lá os fundamentalistas e letristas protegidos pela lei do preconceito no item preconceito religioso. Essa lei que em forma de PLC 122 visa proteger também LGBTTs. Mas, como eles são cidadãos de primeira classe, podem ser protegidos e isso não é considerado privilégio, só passa a ser privilégio no momento em que os cidadãos de segunda classe (LGBTTs) lutam para serem inclusos na lei. SE, e eu disse SE, ser homossexual ou TT fosse opção, o que já esta mais que provado que não é, mas SE fosse opção, porque não seria legítimo?
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Gostaria de dizer para Marina da Rede que, antes de querer ser presidenta, ela deveria aprender a diferença de ação e reação, porque o preconceito religioso contra os letristas ao qual ela se referiu ontem não é uma ação, é uma reação à homofobia, e, se não houvesse a homofobia, eu duvido que tivesse um homossexual ou TT no mundo perdendo um segundo que fosse para fazer discurso seja ele a favor ou contra a religião de alguém. E que querer que uma maioria machista e homotransfóbica julgue uma minoria homossexual por plebiscito é o mesmo que colocar nazistas julgando judeus ou a Ku Klux Klan julgando os negros. Plebiscito em caso de minorias é a morte da democracia.
E cada vez que um fundamentalista abre a boca é para desrespeitar alguém. São incapazes de cuidar da própria vida, tanto que enquanto colocam a tarja de estuprador e pedófilo no gay, se esquecem que tem pastor sendo investigado pela PF por isso e MUITO mais. E faz parte das funções da minha luta rezar diariamente, porque eu rezo diariamente, para que a PF descubra cada crime, cada desmando. O preconceito contra o LGBTT é muito cruel. A criança ou o adolescente negro ou judeu tem uma casa para voltar. Nessa casa tem um pai e uma mãe e irmãos negros ou judeus que vão acarinhar e proteger.
A criança e o adolescente LGBTT voltam para um ambiente hostil, não tem mãe, pai ou irmão gay esperando. É dentro da própria casa que começam a ser discriminados, maltratados e muitas e muitas vezes torturados. E da casa passam a sofrer na escola e da escola na vida. E essa realidade é endossada pela piadinha inocente e pela “liberdade de expressão” fundamentalista. Ontem, numa das atividades da semana contra homofobia, na Marcha em Brasília, quando vi a colcha bordada pelas Mães pela Igualdade em parceria com o Famílias Fora do Armário, com o nome das 338 vítimas fatais da homofobia em 2012, dentre elas, Lucas Fortuna, que tinha a mesma idade e profissão do meu filho, chegando à marcha, sendo levada como troféu maior pelas mãos dos nossos meninos e meninas quase crianças, eu não consegui conter as lágrimas.
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Lágrimas de tristeza, de desabafo, de cansaço, de impotência frente à crueldade, de um desejo profundo de poder fazer mais do que eu faço, para que acabe o sofrimento, a tortura e a morte de inocentes. E como já sei que vão dizer o que são 338 frente a 50 mil héteros, já explico que não morreram só 338 gays em 2012. Esses 338 LGBTTs foram assassinados por homofobia, CRIME DE ÓDIO, e se alguém disser ainda assim SÓ 338, vou complementar que NENHUM heterossexual morreu desta forma em 2012. Se me disserem que não são crianças, vou lembrar que Alexandre Ivo tinha 14 anos quando foi assassinado. Que, quando a filha de Angela Moysés foi apedrejada na rua, tinha isso ou pouco mais.
No Brasil, um homossexual é assassinado a cada 26 horas. Eles morrem e são violados e ainda são comparados a bandidos assassinos e drogados. Porque essa perseguição, meu Deus ? Nossa luta é insana, mas vamos vencer, porque o tempo não para e o tempo de cercear direitos, de espalhar ódio, mentiras, torturar e matar está acabando, eu tenho certeza. Eu dedico essa coluna e todos os dias da minha vida aqueles que lutam comigo lado a lado incansavelmente com as armas que temos, a justiça e a razão e sem ganhar absolutamente nada, nada mais que a satisfação de ver uma lei aprovada, uma travesti empregada, uma ação vencida, um menino expulso de casa com um teto sobre a cabeça, uma transexual com direito a nome e história sem precisar nascer de novo, um casal que conseguiu adotar os filhos, uma menina que conseguiu se formar, uma depressão curada, um suicídio a menos.
Eu dedico a toda militância LGBTT, mais um ano de passos dados, de alegrias e vitórias, mas também de lágrimas e injustiças. A todos que doam suas vidas na luta contra homofobia… PRIDE!!!
TODOS CONTRA A HOMOFOBIA, A LESBOFOBIA E A TRANSFOBIA, CARTAZES & TIRINHAS LGBT, NOTÍCIAS AÇÕES E CONQUISTAS LGBT, HISTÓRIAS E SEXUALIDADES, MÃES PELA IGUALDADE, FAMÍLIAS FORA DO ARMÁRIO, ELEIÇÕES HOJE, ATO ANTI-HOMOFOBIA, PEDRA NO SAPATO, GPH, REDE NACIONAL INDEPENDENTE PELA CIDADANIA LGBTT, NOSSOS TONS, FORA DO ARMÁRIO, IVONE PITA, LUÍS ARRUDA, MARCELO GERALD, OTÁVIO ZINI, WILL, MILTON ROCHA JUNIOR, JULIO MARINHO, PAULO IOTTI, GERMANO SANTOS, CLAUDEMIR GONÇALES, ANGELA MOYSÉS, LUIZA RIBEIRO HABIBE, GRAÇA CABRAL, GEORGINA MARTINS, MARCIO MARQUES, PRISCILA BASTOS, LUNNA BARRETO GOMES, SERGIO VIÚLA, PAULO ROBERTO CEQUINEL, LUIZ PARETO, BENJAMIN BEE E TODOS AQUELES QUE NÃO CABERIAM AQUI MAS QUE SE LEVANTAM TODOS OS DIAS PARA LUTAR CONTRA A HOMOTRANSFOBIA…OBRIGADO !!! MUITO OBRIGADO!!!

PS: Não vâo ser tolerados comentários homotransfóbicos neste espaço.
Artigo da Mãe Pela Igualdade Majú Giorgi publicado na sua coluna no site IGay.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Documentário com Participação das Mães

‎"Eu Preciso lhe Dizer", documentário idealizado por Ricardo de Paula e dirigido por Douro Moura", com participação das Mães pela Igualdade.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Cada 33 horas um Homossexual é Assassinado no País


Guilherme, de 20 anos, passou dois meses internado em um hospital tentando se recuperar dos golpes de faca que levou em julho de 2012. O seu crime foi chamar de "bebê"  o garçom do bar onde lanchava com os amigos, em Brasília. Guilherme não resistiu aos ferimentos e agora engrossa as estatísticas de assassinatos de homossexuais no país. Em 2011, levantamento feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) identificou 266 homossexuais assassinados no país. O estudo, que é feito anualmente pela organização desde 2004, aponta para um aumento do número de crimes contra a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) no Brasil. Entre 2007 e 2011 o aumento foi de 122%. Além de Guilherme, uma das vítimas recentes da homofobia foi o jornalista goiano Lucas Fortuna.
Lucas foi morto neste mês em Cabo do Santo Agostinho (PE). Estava na cidade a trabalho e foi encontrado morto na praia, com sinais de espancamento e marcas de facadas. A causa da morte foi afogamento. Lucas era uma liderança do movimento LGBT em Goiânia (GO) e lutava pela aprovação do projeto de lei 122/2006, que prevê que a homofobia, assim como o racismo, seja considerada crime. 
Veja o mapa dos assassinatos de homossexuais no Brasil em 2011, com dados compilados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Clique nas cidades para ver o número de vítimas ou consulte as informações por estado: 

Dados cartográficos ©2012 MapLink, Tele Atlas - Termos de Uso

Mapa
Satélite



Geografia da intolerância

Entre os estados, a Bahia lidera o ranking em número absolutos de mortes de homossexuais em 2011: 28 homicídios. Em seguida aparecem Pernambuco (25) e São Paulo (24). O estudo do antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB, destaca que proporcionalmente ao tamanho da população, o Nordeste é a região mais homofóbica do país, já que abriga 30% dos brasileiros e registrou 46% dos assassinados LGBTs.
Leia mais: 
Os assassinatos são, em geral, marcados pela violência extrema. Além da arma de fogo, muitas vítimas foram mortas por armas brancas – faca, foice, machado – espancamento e enforcamento. Há ainda casos de degolamento, tortura e carbonização. Para o GGB, essas características indicam que se tratam não de ocorrências banais, mas de crimes de ódio contra ese grupo.
O relatório é feito com base em notícias que circulam na internet ou publicados em jornais. Não cobre, portanto, a totalidade dos casos, que certamente superam os números levantados pelo GGB. 

Lucas Fortuna, assassinado em Pernambuco (Reprodução)
Lucas Fortuna, 28 anos, Cabo de Santo Agostinho (PE)
Jornalista, Lucas viajou para Pernambuco para trabalhar como árbitro de um campeonato de vôlei. Militante da causa LGBT, ele foi encontrado morto na praia, com sinais de facadas e espancamento. Por ter sido encontrado apenas de cueca, a família acredita em crime de homofobia. Lucas era presidente do PT em uma cidade goiana e fundou o Grupo Colcha de Retalhos na Universidade Federal de Goiás (UFG). Ajudou a organizar várias paradas do orgulho LGBT no estado e sempre lutou pela aprovação do projeto de lei que tramita no Congresso Nacional e pretende tornar a homofobia crime. 
Igor Xavier, assassinado em Montes Claros (MG) (Reprodução)
Igor Xavier, 29 anos, Montes Claros (MG)
O bailarino e coreógrafo Igor Xavier foi assassinado em maio de 2002 na cidade mineira de Montes Claros, onde morava. Foi morto com cinco tiros por dois homens – pai e filho. Os dois entraram em contato com Igor oferecendo apoio para um espetáculo que o bailarino estava montando na cidade. Dessa forma o levaram ao apartamento da família, onde o mataram. Igor era uma figura muito popular na cidade.  “Nunca me calei, nunca aceitei. Porque quem cala consente. Junto com a classe artística sempre me movimentei para pedir justiça”, conta a mãe de Igor, Marlene Xavier. "A impunidade gera violência".

  
Alexandre Ivo, 14 anos, foi assassinado em São Gonçalo (RJ) (Reprodução)


Alexandre Ivo, 14 anos, São Gonçalo (RJ)
Aos 14 anos, o estudante Alexandre Ivo foi torturado e assassinado por um grupo de skinheads ao sair de uma festa. O crime ocorreu em São Gonçalo, em junho de 2010. A mãe de Alexandre, Angélica, conta que o filho ainda não tinha escolhido sua opção sexual. “Ele era jovem, bonito, inteligente, e isso incomoda as pessoas”, contou Angélica durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. “Eu não sabia o que era crime de ódio, não conhecia essa palavra. Para mim, crime era faca ou bala, não sabia que alguém tirava a vida de um ser humano por esse motivo com esse requinte”, disse.


Guilherme Arthur, 20 anos, assassinado em Brasília (DF) (Reprodução)
Guilherme Arthur, 20 anos, Brasília (DF)
O comerciante Guilherme Arthur é outra vítima recente da homofobia. Enquanto lanchava em um bar com amigos no bairro do Cruzeiro, em Brasília, ele chamou o garçom de “bebê”. O agressor não gostou da forma como foi tratado e, pensando ser uma cantada, esfaqueou Guilherme. O jovem passou mais de dois meses internado, mas não resistiu aos ferimentos e morreu em outubro deste ano. A amiga Juliana Vaz, que ajudou a família a cuidar de Guilherme durante a internação, conta que ele era cheio de planos para o futuro. Passou no vestibular e começaria em poucas semanas antes do ocorrido o curso em gestão de eventos. “Ele era uma pessoa sociável, amava a vida com todas as forças, não tinha problema com ninguém”, diz. O assassino de Guilherme já está preso.

Artigo pulicado no site da EBC